A crise (não propriamente a financeira, embora também tenha influência nesta) está definitivamente instalada na Fórmula 1. A FIA, que organiza o Campeonato do Mundo da modalidade, não abdica dos seus princípios que é, como quem diz, de um tecto orçamental para as escuderias que vão participar na próxima edição da Fórmula 1: 45 milhões de euros para salários e liberdade técnica ou tecto orçamental para o desenvolvimento do carro e liberdade de salários. A FOTA, a associação das equipas da Fórmula 1, não aceitou nenhuma destas condições, nem mesmo o limite orçamental de 100 milhões que o patrão da FIA propôs, e vai avançar com um campeonato paralelo, o que ao mesmo tempo significa concorrência para a entidade regulador do desporto automóvel. Já ouvi amantes da modalidade dizerem que os tectos orçamentais são positivos e necessários, na medida em que vão possibilitar o regresso de equipas míticas e dar mais possibilidades às escuderias menos poderosas do ponto de vista económico. Portanto, traria mais competitividade aos Grandes Prémios. Outros dizem que a F1 é o campeonato das equipas de elite e que os tectos orçamentais iriam arruinar o espírito da Fórmula 1. Por outro lado, os argumentos da Federação Internacional de Automobilismo, para quem é necessário conter os gastos em tempo de crise e daí a imposição de um tecto orçamental, dão também o reverso da medalha. Sinceramente, não sei quem terá razão neste imbróglio. Mas numa coisa não tenho dúvidas: a F1 vai passar pior se vir, efectivamente, 8 equipas da FOTA avançaram para um campeonato paralelo, do que passaria se permitisse “livre” contenção de gastos às equipas. Se analisarmos bem, as escuderias “desertoras” são só a Ferrari, a McLaren, BMW, Renault, Brawn GP, Toro Rosso, Red Bull e Toyota. Das principais, fica apenas a Williams na competição da FIA. As grandes estrelas, Button, Hamilton e outros, não vão abandonar as suas equipas, mesmo que estas abandonem a F1. Não faz sentido, até porque são as melhores e num campeonato concorrencial não têm limite salarial. E, acima de tudo, continuam a competir com os melhores.
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