Quem assistiu ao recente mundial de natação, que se realizou em Roma, com certeza não ficou indiferente ao exorbitante número de recordes mundiais (43) que foram batidos em cerca de uma semana. A dada altura era cada tiro, cada melro, que é como quem diz, tinhamos novos máximos absolutos a cada prova disputada.
Michal Phelps, Ryan Lochte, Aaron Peirsol, Cielo Filho, Federica Pellegrini, Britta Steffen, entre outros...com tantos astros das piscinas que passaram pelo Foro Itálico não seria de admirar que assistíssemos à queda de muitos recordes como, aliás, já tinha acontecido nos Jogos Olímpicos de Pequim, ainda que em quantidade razoável.
O problema foi quando, há cerca de dois anos, resolveu aparecer um tal de poliuretano que quis ocupar o trono da modalidade. Essa substância que reveste os fatos dos nadadores foi, sem dúvida, decisiva para a farsa a que assistimos em Roma. Não tem outro nome. Para dar um exemplo, basta ver que a edição com maior número de recordes mundiais foi em 1973, com 16. Foi quase o triplo dos recordes em 2009. E, ou muito me engano, ou seria demasiada coincidência que tal tenha acontecido apenas no primeiro mundial em que os fatos de poliuretano foram utilizados.
Não quero com isto retirar mérito absolutamente algum aos nadadores que se exibiram em Roma com estes tecidos -e que até foram bastantes. Estiveram presentes, nesta competição, atletas fantásticos, alguns pertencentes à galeria dos melhores de sempre. O mérito também é em grande parte deles. Mas quando são os próprios a admitir que os fatos lhes permitem uma maior flutuabilidade dentro de água então está tudo dito. Bem, não para a FINA, que permitiu que esta fantochada fosse para a frente.
A federação internacional de natação já fez questão de dizer que estes fatos serão banidos em Janeiro de 2010. Muito bem, concordo. Então e o que fazer com os recordes que se bateram em Roma, a maior parte deles com recurso a esta "poção mágica"? Decisão complicada:
Anulá-los, como foi feito com o recorde de Alain Bernard nos 100 metros livres antes do Mundial? Ou tapar os olhos e fazer de conta que nada se passou? Seja qual for a decisão, nunca será salomónica. Retirar todos esses máximos será desrespeitar o esforço dos atletas que estiveram em Roma e deram o seu máximo. Mantê-los será como que deixar para sempre no ar que esta edição foi uma farsa e uma anormalidade, visto que dificilmente vamos voltar a assistir a um show de recordes deste género. Em Janeiro estarei cá para ver...
No meio disto tudo ainda há espaço para fazer referencia a Phelps (sem fato...). O "Tubarão de Baltimore", depois de 6 meses sem competir, ainda foi a tempo de levar para casa 5 medalhas de ouro e uma de prata. Como dizia um jornal brasileiro, "um Phelps fora de forma conquista 6 medalhas". Imaginem se estivesse em forma então...
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